O papel do Cidadão na Sociedade Democrática
Muito tem se discutido sobre o papel do Estado, mas talvez não se tenha dado a devida atenção ao papel do cidadão.
Este papel, aliás, é o mais importante de todos. Afinal, é o conjunto de cidadãos que deve decidir o tipo de sociedade em que deseja viver, determinando os papéis das instituições e agentes que a compõem.
A maior escolaridade, o avanço tecnológico e a expansão das democracias têm sido forças transformadoras de nossa sociedade. No entanto, o maior desafio futuro será garantir que o cidadão, com maior autonomia e independência, se torne senhor de seu próprio destino, agindo dentro dos limites do que pode controlar.
Em uma sociedade democrática, seja com um governo de viés mais à esquerda ou à direita, o poder deve estar claramente distribuído entre as diversas instituições democráticas (executivas, legislativas e judiciais), enquanto a sociedade civil se expressa e intervém de múltiplas formas.
Essas intervenções podem ser tanto individuais quanto associativas, e devem contribuir para o aprofundamento de uma democracia participativa, sem que haja concentrações de poder. O valor que cada cidadão pode agregar à sociedade está na diversidade, no empenho e na contribuição de todos.
No Brasil, o papel do cidadão precisa evoluir conforme os novos tempos, para que, no futuro, nossa sociedade consiga atingir seus objetivos coletivos.
A seguir, apresentamos alguns traços fundamentais que devem caracterizar o papel do cidadão, levando em consideração o contexto atual e os desafios mencionados.
Traços fundamentais que definem o papel do cidadão
O cidadão deve:
- Ser informado, ativo, exigente e participativo.
- Formar uma opinião fundamentada sobre a organização da sociedade e buscar contribuir para a construção de uma nova realidade, participando de projetos coletivos que vão além de sua atividade profissional.
- Exigir um Estado forte, independente e eficiente, que seja menos asfixiante e mais subsidiário, oferecendo serviços de melhor qualidade e com maior eficiência.
- Reconhecer que os custos do Estado são também seus, pois ele é um agente fundamental da sociedade.
- Buscar uma sociedade de oportunidades, mais aberta e flexível, que beneficie tanto a si quanto às gerações futuras.
- Assumir seus deveres, como o cumprimento das obrigações fiscais, a preservação da concorrência saudável nos mercados e a participação ativa na democracia.
- Responsabilizar-se pela própria formação e desenvolvimento de competências, reconhecendo que cada ato e atitude ao longo da vida contribui para o seu crescimento pessoal e profissional.
- Evitar esperar que o Estado ou outras organizações resolvam todos os seus problemas. Não faz sentido reivindicar benefícios permanentes sem tomar a iniciativa de melhorar suas condições de vida. A aposta deve ser no próprio desenvolvimento, de modo a criar mais oportunidades e depender menos dos outros.
- Evitar se agarrar a uma função ou emprego fixo, pois, além de ser insustentável no contexto atual, isso pode prejudicar a realização pessoal e profissional a médio e longo prazo. A busca por maior satisfação no trabalho deve ser contínua.
- Exigir respeito à sociedade e ao coletivo, fazendo a sua parte, sem onerar, mas contribuindo ativamente para sua dinâmica e criando valor e qualidade. Isso gerará mais riqueza (material e imaterial), beneficiando a todos.
Conclusão
Somente dessa maneira será possível garantir a existência dos recursos e das atividades necessárias para proporcionar uma vida digna àqueles que não conseguirão alcançá-la por meios próprios.
O respeito que cada cidadão merece implica que a sociedade não o trate como um mero número ou o desqualifique. Pelo contrário, deve-se trabalhar para desenvolvê-lo, torná-lo independente e acreditar no seu potencial.
Devemos construir uma sociedade que:
- Valorize e responsabilize o cidadão;
- Garanta igualdade de oportunidades, com base em uma educação de qualidade para todos;
- Crie condições para que os cidadãos se realizem, tanto pessoal quanto profissionalmente.